Hoje com o meu filho a fazer 16 anos caí na
realidade. Na realidade que ando em cima dele para estudar, para ser alguém,
para ter trabalho.
E qual é a realidade? É que a minha filha mais
velha com 23, curso feito, mestrado feito, sem paragens nem chumbos, não
arranja trabalho… E ontem dei por mim a chorar por causa disso. Criamos os
nossos filhos, ensinamos a voar e depois a pergunta é: como é que podem voar ?
Que se passa connosco? Como podemos continuar
a admitir esta trapalhada toda? Como podemos continuar a apoiar governantes
cujas soluções são sempre piores e com piores resultados que as anteriores?
Falta-nos coragem? Estamos acomodados? Se os
nossos Capitães de Abril se tivessem acomodado, era o bom e o bonito. Para mim
cometeram um erro, que foi não ficarem com o poder nas mãos e porem a andar as
anteriores gerações. Mas isso são outras conversas.
É tão difícil perceber que o sistema assim não
funciona? Que as soluções consideradas certas, quase axiomas?
Há dois grandes exemplos, um talvez melhor que
ou outro. A Islândia e a Bélgica. Se num se despachou os “sabe-tudo” noutro
governa-se sem governo.
Tenham a coragem de assumir os erros. De abrir
a vossa cabeça e aceitar novas soluções.
Há dias dei por mim a pensar. Será que se
fossemos a fazer contas com o que gastamos com a entrada na União Europeia
(eleições, campanhas, vencimentos de deputados, deslocações, estadas,
organizações de cimeiras, institutos, etc.) com os apoios recebidos, a que conclusão
chegávamos? Será que estaríamos pior ou melhor?
Fui
educado com a ideia que se trabalhasse honestamente e afincadamente os
resultados apareciam. E agora penso, trabalhei para quê?
Que digo ao meu filho mais novo? Talvez que o
melhor é ter uma certa lábia, se filiar num partido político que estás sempre
safo e resolves logo o problema dos estudos (consegues por certo umas
equivalências) e do transporte (e se fores para o PS não vais andar de Clio!).
Ah, e dos copos, já que a cantina da assembleia nacional tem uma grande oferta.
E com pena, muita pena podem ter a certeza,
cada vez mais me convenço que isto vai acabar mal… muito mal.