domingo, março 03, 2013

Só fizemos asneira...



Hoje em dia com 45 anos e a ouvir o povo a cantar “Grândola, vila morena” chego à conclusão que só fizemos asneiras. E quer queiramos quer não, fizemo-las por escolha própria. Tivemos atenuantes? Tivemos, mas já lá vamos.
Fui educado segundo o principio de: trabalha, sê honesto e tens o futuro garantido. E continuo a acreditar neste principio. E olhando para este estado de coisas, pergunto-me: que raio aconteceu?
Quando revejo a nossa história começo a perceber as asneiras que se fizemos. Se no após 25 de Abril se confundiu Liberdade com libertinagem, quando se afastaram para segundo plano os ideais da nossa revolução, assim como aqueles que a fizeram, até entendo. Portugal estava sequioso de Liberdade. Estava sequioso de melhores condições de vida. Estava sequioso de melhor poder de compra.
Não me interpretem mal. Foram tempos complicados. Imagem uma criança a quem dizem, agora podes fazer o que quiseres.
Depois veio o sonho da CEE. Dinheiro fácil, fundos imensos para investimentos públicos, infelizmente utilizados em bens não transaccionáveis.
E nós que erros cometemos? Cometemos um erro parecido. O erro do dinheiro fácil, do consumismo. O carro novo. A casa grande. O Jantar fora. As roupas de marca. As férias. Os gadgets. Foram tantos…
As nossas atenuantes foram exactamente termos ao alcance da mão (pensávamos nós) aquilo que os nossos pais demoravam anos a conseguir. Ouvir os meus pais a falarem de poupar para comprar era quase um conceito surreal. Mas se eles estavam no oito nós estávamos no oitocentos. Ou seja, passamos pelos oitenta a fundo!
E afinal que erros cometemos? O consumismo? Mas isso faz andar a economia. O fazer crédito? Isso faz andar a economia? Então o que se passou para estarmos assim?
O que se passou é que fomos atraídos por uma visão de vida europeia. Esta até tem piada.
A Europa que nos pagou para deixarmos de pescar. Para deixamos de ser agricultores. Para deixarmos as nossas criações de gado. E por aí adiante…
Por outro lado fartou-se de nos mandar dinheiro para criar infraestruturas. Os tais bens não transaccionáveis. E agora pergunto eu, para quê? Se não temos pesca, agricultura e agropecuária para que raio precisamos de infraestruturas? Se não exportamos, para que precisamos de autoestradas?
Dou por mim a pensar: porque carga de água andam os Portugueses a fazer Volkswagen’s e os alemães a pescarem nas nossas águas? Já sei, fazemos os VW’s mais baratos que os alemães e assim temos dinheiro para pagar o peixe que eles pescam).
De uma coisa tenho a certeza. Se nós continuássemos a pescar, a plantar e a criar, tínhamos o dinheiro necessário para comprar VW’s!
 E agora o que fazer? Basicamente voltar a pescar, plantar e criar. Vai ser duro, mas de certeza que chegaremos lá mais rápido do que a pagar juros!