Hoje em dia com 45 anos e a ouvir o povo a
cantar “Grândola, vila morena” chego à conclusão que só fizemos asneiras. E
quer queiramos quer não, fizemo-las por escolha própria. Tivemos atenuantes?
Tivemos, mas já lá vamos.
Fui educado segundo o principio de: trabalha,
sê honesto e tens o futuro garantido. E continuo a acreditar neste principio. E
olhando para este estado de coisas, pergunto-me: que raio aconteceu?
Quando revejo a nossa história começo a
perceber as asneiras que se fizemos. Se no após 25 de Abril se confundiu
Liberdade com libertinagem, quando se afastaram para segundo plano os ideais da
nossa revolução, assim como aqueles que a fizeram, até entendo. Portugal estava
sequioso de Liberdade. Estava sequioso de melhores condições de vida. Estava
sequioso de melhor poder de compra.
Não me interpretem mal. Foram tempos
complicados. Imagem uma criança a quem dizem, agora podes fazer o que quiseres.
Depois veio o sonho da CEE. Dinheiro fácil,
fundos imensos para investimentos públicos, infelizmente utilizados em bens não transaccionáveis.
E nós que erros cometemos? Cometemos um erro
parecido. O erro do dinheiro fácil, do consumismo. O carro novo. A casa grande.
O Jantar fora. As roupas de marca. As férias. Os gadgets. Foram tantos…
As nossas atenuantes foram exactamente termos
ao alcance da mão (pensávamos nós) aquilo que os nossos pais demoravam anos a
conseguir. Ouvir os meus pais a falarem de poupar para comprar era quase um
conceito surreal. Mas se eles estavam no oito nós estávamos no oitocentos. Ou
seja, passamos pelos oitenta a fundo!
E afinal que erros cometemos? O consumismo?
Mas isso faz andar a economia. O fazer crédito? Isso faz andar a economia?
Então o que se passou para estarmos assim?
O que se passou é que fomos atraídos por uma
visão de vida europeia. Esta até tem piada.
A Europa que nos pagou para deixarmos de
pescar. Para deixamos de ser agricultores. Para deixarmos as nossas criações de
gado. E por aí adiante…
Por outro lado fartou-se de nos mandar dinheiro
para criar infraestruturas. Os tais bens não transaccionáveis. E agora pergunto
eu, para quê? Se não temos pesca, agricultura e agropecuária para que raio
precisamos de infraestruturas? Se não exportamos, para que precisamos de
autoestradas?
Dou por mim a pensar: porque carga de água
andam os Portugueses a fazer Volkswagen’s e os alemães a pescarem nas nossas
águas? Já sei, fazemos os VW’s mais baratos que os alemães e assim temos
dinheiro para pagar o peixe que eles pescam).
De uma coisa tenho a certeza. Se nós continuássemos
a pescar, a plantar e a criar, tínhamos o dinheiro necessário para comprar VW’s!
E agora
o que fazer? Basicamente voltar a pescar, plantar e criar. Vai ser duro, mas de
certeza que chegaremos lá mais rápido do que a pagar juros!
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