sexta-feira, novembro 13, 2015

Lição de democracia.

Sinceramente estou a ficar farto de tanto politico neste país a falar de democracia, e que a solução de governo de esquerda é uma solução democrática, e que nós Portugueses somos uns retrógrados e fechados as novas ideias, etc.
O certo é que o Povo Português demonstrou que sabe o que é democracia, ao contrários dos seus políticos. E como? Da única maneira que pode, votando.
E votando, dando uma maioria relativa à coligação PaF (107 deputados) e mantendo como 1ª força da oposição o PS (86 deputados). A extrema-esquerda fica com 19 para o BE, 17 para o PCP e 1 para o PAN.
Conclusões:
- O Povo Português resolveu tirar poder à PaF, de modo a controlar as suas políticas de centro direita.
- O PS sobe em número de deputados, uma vez que sendo um partido, com pelo menos, políticas de centro esquerda, fica em excelente posição para obrigar o governo a debater seriamente as suas decisões e opções.
Ou seja, estando a PaF no governo, teria que negociar essencialmente com o PS para aprovação do seu programa, e uma vez que as suas políticas são convergentes, chegariam a bom porto. Sim, exige trabalho, competência e rigor (e aqui é que talvez a porca torça o rabo).
E que podem fazer os restantes partidos? Aproveitar para aumentar a qualidade do debate e do trabalho da AR. Como, simples. Quando a PaF e o PS não chegarem a consenso, estão eles aqui para a isso os obrigarem a isso, uma vez que podem votar tanto a favor de um lado ou de outro. E ainda com o poder negocial de incluir as suas propostas, ou pelo menos aproximações (que é o que aconteceu agora com estes acordos) nas votações.
Dá trabalho? Dá. Seria fácil. Não É exequível? Estão a por em dúvida a sabedoria do Povo Português? Claro sim.
Mas há um senão. É que a PaF para ter maioria numa votação só precisa do BE ou do PCP. O Ps por seu lado, precisa dos dois.
Ou seja, em que esquerda votou o Povo? Centro esquerda (86)? Extrema-esquerda (36+1)?
Então, o PS para conseguir aprovar uma lei sua, teria que contar com os votos do BE e PCP.
Pois, parece que o Povo não votou em políticas de extrema-esquerda.
E fazer um acordo de governo PS+BE+PCP é democrático onde? Porque é que o PS para governar precisa de maioria absoluta (a tal ditadura democrática)? E se é um acordo de governo, por que carga de água não existe nesse executivo, representante dos 3 partidos (proporcionalmente, 7+2+1)? Aqui é política pura e dura, não se querem queimar. Sabem perfeitamente que esta solução não é para durar e muito menos funciona, logo se estiverem no poder, nas próximas eleições voltam para casa com o rabo entre as pernas. Assim podem dizer que não estavam lá (negação plausível).
E ainda há algo mais a tirar daqui. A famosa disciplina partidária. Uma das bandeiras que se levanta agora é que os Portugueses só agora perceberam que não votam num primeiro-ministro, mas sim em deputados para a AR.
Ora de que serve isso, se existe a disciplina partidária (por mim devia ser proibida pela constituição)?  É que neste cenário, e votando os deputados livremente, e aqui teriam finalmente que trabalhar, teríamos realmente a democracia a funcionar.
É que isto da disciplina partidária, é dizer a um deputado, vais lá, marcas presença, comes barato e levantas o bracinho quando de mandarem. Entretanto vais tratando da tua vidinha, que o resto não te interessa.
Portanto meus caros, vão falar de democracia para as Desertas com as cagarras, que a mim não me convencem!

P.S. Desertas para os Madeirenses, são as vossas Berlengas. Quanto às cagarras, Google!

Sem comentários: